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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Dor e escapes do meu corpo


    Imagem de control, tattoo, and black and white

"Controle"



    Nunca fui boa em suportar a dor... Não é à toa que tenho todas as marcas no meu pulso. Não consigo lidar, simplesmente... Suporto a dor com a outra dor, onde já se viu? Fujo de mim em mim. Não dá pra escapar da gente. Daquilo que fica na nossa cabeça quando estamos sozinhos, que não dá pra evitar nem pensando em outra coisa... Parece tortura do nosso próprio cérebro. Aí vem a ansiedade de uma coisa que não vai acontecer, mais uma sabotagem. A dor em outro ponto impede de pensar, deixa o corpo em alerta para ter cuidado com aquilo que nos fere, ou seja, nós mesmos... Talvez por isso bloqueie nossos sentimentos e pensamentos por algum tempo. Experimentamos a inércia e por isso é prazeroso, por isso vicia. Quem não gostaria de se desligar por qualquer tempo que fosse?
    Os pensamentos ficam na minha cabeça me testando... Talvez, para ver até onde vou ou o que vou fazer. Mas eu não pego mais em objetos cortantes... Nem que eu tenha que lutar comigo. Minha fé se tornou meu apoio, minha nova fuga... É só cantar um ponto, pensar na minha Mãe, dona de meu Orí. Uma mãe não gosta de ver um filho machucado, ainda mais por ele mesmo. E pelos Orixás carrego a minha dor no bolso, doa o quanto doer... Canto aquela música que faz lembrar o motivo da minha dor e coloco toda a dor na voz e é por isso que todos que me ouvem gostam do que ouvem. Eu só canto o que sinto. Toda música tem um pedacinho do que carrego dentro de mim... E talvez seja tortura psicológica, lembrar de cada momento que passei com aquele que desistiu... Mas aí a minha alma se esvazia em lágrimas e eu deixo ir até onde anestesie, mesmo que demore. As pílulas também ajudam, estabilizam o desnecessário e me equilibram... E é nessa junção que continuo seguindo, comendo, dormindo. Remédios, fé e música são realmente um apoio e tanto... Mas não curam. Nem sei se o tempo vai curar. São muitas feridas, profundas demais... A minha cura desistiu. Mas a minha alma está tão ligada à ele que em nenhuma vida essa ligação pode ser cortada. A saudade causa mais feridas e aprofunda aquelas que já existem, me fazendo lembrar do quanto preciso do abraço dele, do beijo, daquele tempo só da gente, fazendo amor e deitando um do lado do outro após, perdendo a noção de tempo e de espaço... Pisei tão firme, estava tão segura que quando desmoronou, não tive reação. Era tudo tão... Lindo. O que somos agora?
    Nunca fui boa em suportar a dor. Mas vou levando como dá.

Só hoje - Jota Quest

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